sexta-feira, setembro 29, 2006

O GEÓMETRA AOS QUATRO ANOS DE IDADE
Fazia círculos na água (com os bolsos cheios de pedras).

José Mário Silva, blog "A Invençao de Morel", 10/09/06

terça-feira, setembro 26, 2006

Guarda Civil
Francisco Leiro
(Série/1000, alt. aprox. 31 cm)

Poemas em Cerâmica

Leiro trabaja con la misma seguridad que cuando el soporte es la madera, la piedra o cualquier material alternativo. Parte de una idea a la que dar forma, pero sabe que debe definirla desde la escultura. (...)

No resulta extraño, por ello, que quiera sintetizar al máximo los efectos expressivos y táctiles, pues sabe que el objecto final tiene un tamaño limitado y la limpieza caracteristica de Sargadelos. (...) Y esas caracteristicas le definen tanto en la grand escala, en los relatos épicos, como en esta suerte de poemas breves e intensos, fosilizados en ceramica(...)

(Do folheto)


segunda-feira, setembro 25, 2006


PRAZER E UTILITARISMO

Assisti, na passada sexta-feira, ao programa semanal da 2:, Câmara Clara, subordinado, dessa vez, ao tema Arte e Erotismo. Apresentado pela bonita Paula M. Pinheiro, teve, nessa noite, como convidado Alberto Pimenta. Sendo muito raras as aparições do poeta na televisão, procuro não perder essas preciosas oportunidades para escutar as palavras dum dos poucos livres pensadores portugueses. Ele faz-me lembrar, de certa forma, Rui Zink, que pauta as suas intervenções por uma grande lucidez, temperada pelo humor inteligente e ilustrando o seu discurso com exemplos muito interessantes (como é o dos figos, nesse programa). Esses homens estão, não tenho duvidas, do lado dos outros homens e da vida.

Logo no início de Câmara Clara, Alberto Pimenta comenta, desta forma, as palavras de apresentação: sou, em primeiro lugar, um homem e nada de humano me é estranho. E, nessa resposta, podemos adivinhar a linha de pensamento e de escrita do autor de O Silêncio dos Poetas.

Ao caracterizar Eros, como deus grego da vida e da criatividade, estabelece uma comparação com Cupido, representado, como sabemos, empunhando uma seta – símbolo de agressividade. O que não deixa de ser interessante, tendo em conta o espírito imperialista do povo que o venerou.

Quando a mão escreve/ executa, ela está emprenhada dos pensamentos e das emoções do sujeito que a utiliza, diz A. Pimenta, numa tentativa de aproximação à natureza do erotismo. Segundo ele, o mundo é uma luta permanente entre prazer e utilitarismo. Para melhor compreendermos o seu ponto de vista, lembro as forças antagónicas que Freud definiu em O Mal Estar da Cultura: o princípio do prazer e o principio da realidade, sendo este ultimo um poderoso obstáculo à afirmação dos desejos do individuo. Homólogos daqueles dois, faz sentido relembrar aqui também Eros e Tanatos, constituindo as pulsoes de vida e as pulsoes de morte. No entanto, penso que o conceito utilizado por A. Pimenta tem ainda um outro alcance. Dizemos que uma coisa é útil quando serve para, não se afirmando por si própria, ou seja, quando essa coisa (às vezes pessoa) está subordinada ao uso que outrem faça dela, para um fim exterior a ela (ela corresponde ao meio, ao instrumento). Poderíamos então dizer que a coisa (ou pessoa) utilizada “morre” no sentido em que o uso é atentatório da sua expressão autêntica como coisa autónoma ou como individuo. Neste ultimo caso, inclui-se, por exemplo, a pornografia.
A.M.

quinta-feira, setembro 21, 2006




Lembramos que se encontra patente na Galeria Sargadelos, até 30 de Setembro, a exposiçao CERÂMICA CRIATIVA/ ECO DESIGN, com trabalhos concebidos no CENCAL (Centro de Formaçao para a Indústria de Cerâmica das Caldas da Rainha), mostra anteriormente exibida no Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha.
O CENCAL e a Galeria Sargadelos do Porto pertencem ao projecto Rotas da Cerâmica, do qual fazem parte: o Museu Calouste Gulbenkian, o Museu Nacional de Arte Antiga, o Museu Nacional de Soares dos Reis, o Museu Nacional do Azulejo, Museu Nacional de Arquelogia, Museu Nacional de Machado de Castro, o Museu de Mértola-Arte Islâmica, o Palácio de Fronteira, o Museu Grão Vasco, a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, a ESAD, a AR.CO, a Fundação Ricardo Espírito Santo, a Vista Alegre, entre outros.

Castelao - 1886-1950
(Alt. aprox. 38 cm)
Ver acoli

quarta-feira, setembro 20, 2006

OS ANOES E OS SEM ABRIGO DEIXAM DE SER HUMANOS?
(Título da Galeria Sargadelos)

Depois da despromoçao de Plutao a planetóide marreco e feio (por ser pequeno, frio e excêntrico), outros dogmas habitualmente acolhidos no senso-comum vao ser corrigidos pela frieza e rigor científicos.


- Hidrogénio deixa de ser elemento químico (é muito pequeno)
- Vapor deixa de ser estado físico da água (é muito pouco palpável)
- Sequências de ADN com menos de 20 mil pares de bases deixam de ser consideradas "sequências de ADN" e passam a ser consideradas apenas "sequências de ADN com menos de 20.000 pares de bases".
- Termodinâmica só com duas leis (terceiro principio considerado abusivo e persecutório para com os cristais perfeitos) 1
(...)
- Caniche deixa de ser um cao e passa a ser considerado um tipo de ácaro gigante.
- Lei da Atracçao Universal de Newton passa a "simples sugestao para que todos os corpos caiam quando se encontrem no ar".
- Velocidade da luz baixa para os 120km/h (em reuniao da Prevençao Rodoviária Portuguesa)
- Raios gama, raios X, ultravioleta, infravermelhos e micro-ondas saem do saem do espectro electromagnético (porque nao se vêem)
- O zero absoluto de temperatura sobe dos actuais -273.15 para a temperatura média anual da ilha de Porto Santo. 2
- Mecânica Quântica e Princípio de Arquimedes passam apenas a aplicar-se a corpos com mais do que 1 Kg.
- Fotoes com dimensoes inferiores a 20x20x20 cm deixam de ser aceites pelas moléculas de clorofila nas plantas e sao considerados inúteis para aplicaçoes fotossintéticas.
- Plutónio fica sem nenhum isótopo radioactivo (em coerência troponómica com a despromoçao de Plutao)

Retirado de "O INIMIGO PUBLICO", D.M., 01/09/06

(Acerca de 2 das piadas que acabámos por perceber:
1 A Terceira Lei da Termodinâmica estabelece um ponto de referência absoluto para a determinação da entropia, representado pelo estado derradeiro de ordem molecular máxima e mínima energia. Enunciada como "A entropia de uma substância cristalina pura na temperatura zero absoluto é zero". É extremamente útil na análise termodinâmica das reações químicas, como a combustão, por exemplo.
2 O zero absoluto, ou zero Kelvin (0 K), corresponde à temperatura de -273,15 °C ou -459.69 °F. O zero absoluto é um conceito no qual um corpo não conteria energia alguma. Todavia, as leis da Termodinâmica mostram que a temperatura jamais pode ser exatamente igual a zero Kelvin; este é o mesmo princípio que garante que nenhum sistema tem uma eficiência de 100%, apesar de ser possível alcançarem-se temperaturas próximas de 0 K. )

segunda-feira, setembro 18, 2006

Aqui em todo lado
os amantes verdadeiros a cada acontecimento do seu coração
vivem mais anos que tudo o que e que todos aqueles que;
apesar daquilo que o medo nega, que a esperança garante,
aquilo que mais falso ambos contestam quando provam a verdade

(todas as dúvidas, todas as certezas, enquanto os vilões combatem
e os heróis por entre a simples e destapada cabeça fingem,
cómicos amargos da duração: só o amor
imortalmente perdura além do pensamento)

esse para sempre é o qualquer agora do amor
e cada um dos seus aqui é um em todo o lado
e ainda mais verdadeiros se tornavam os amantes verdadeiros
se em cada meia-noite surgissem novos sóis

(sim; e se o tempo perguntasse ao que foi
o que será, os seus olhos nunca perderiam um sim)

e.e. cummings(versão: P.M.; para L.)


Versao de poema de e.e. cummings,
da autoria de Pedro Mexia, blog "Estado Civil", 05/09/06

sábado, setembro 16, 2006

GRAFFITIS
Vi-os ali para os lados da Praça da Alegria. Um diz: «Ich bin ein beiruten». O outro: «Lisbollah». Rockets verbais.

José Mário Silva, blog "A Invençao de Morel", 29/8/06

sexta-feira, setembro 15, 2006


HISTOIRE(S) DU CINÉMA (1998), J.-LUC GODARD

1


Não mudes nada, para que seja tudo diferente.

O cinema projectava e os homens viram que o mundo existia. Um mundo quase sem história, mas um mundo que conta...
Sendo um herdeiro da fotografia, o cinema tentou ser mais real que a vida.

Le cinema substitue notre regard par un monde qui s`accorde a nos desirs.

Obscurité, oh ma Lumière!

Não mostres todos os lados das coisas. Guarda para ti uma margem de indefinido.

Cogito ergo video

Certifica-te que esgotaste tudo o que se comunica pela imobilidade e pelo silêncio.


2
No fundo, o cinema não faz parte da indústria das comunicaçoes, nem da indústria do espectáculo, mas da indústria dos cosméticos, da indústria das máscaras...que é uma pequena sucursal da indústria da mentira.
A partir daí [dos irmãos Lumiere], houve sempre duas bobinas para fazer cinema: uma que se enche e outra que se esvazia. A bobina da esquerda passou a ser a escrava e a da direita o mestre.
A film is a girl and a gun.
O "u" de produire impede de dire(dizer).
As massas gostam do mito. O cinema dirige-se às massas.
3
Porque o ecrã é a mesma tela branca da camisa do samaritano.

TATI 1

Em Playtime (1967), Monsieur Hulot confunde um homem com um reflexo.

Em Jour de Fête (1949), o carteiro, que queria competir com a eficiência dos serviços postais americanos, deixa para trás, na sua correria, alguém que acaba de cair a um poço.

Acreditar no Homem
Nas minhas viagens para o trabalho, tenho observado a forte campanha publicitária do novo semanário Sol, que incluiu, a dois dias de estar nas bancas (à venda a partir de amanha), uma entrevista ao seu director, José António Saraiva, no programa da :2, Por Outro Lado. Não assisti à entrevista, nem posso saber como será o jornal. No entanto, gosto do seu nome, com logotipo do pintor Pedro Proença, e de uma das muitas frases que vi nos mupis, trouxe esta para o blog da Galeria Sargadelos: "Acreditar no Homem: cada nascimento é um sinal de esperança"(ilustrada pela imagem dum bébé).
(Qualquer outra interpretação da frase anterior é um erro, pois respeitamos decisões que são do foro privado.)

Marsilio Nettersheim
Pelos vistos o desaparecimento de Marsilio Nettersheim tornou-se um verdadeiro quebra-cabeças para a policia. Pelos vistos Nettersheim está em casa e nunca de lá saiu. Pelos vistos a policia prossegue as buscas, embora com pouca esperança de sucesso. Pelos vistos resta uma única explicação plausível: Marsilio Nettersheim perdeu-se nos seus pensamentos.

Rui Manuel Amaral, blog "Dias Felizes", 14/9/06

sábado, setembro 09, 2006

Entrei pela primeira vez n`O Independente, para trabalhar, com pouco mais de 2o anos. E, aos 20 anos, só se sabe fazer coisas com paixão e convicção.
Jorge Afonso Morgado, jornalista d`O Independente entre 1991 e 1998, Público, 01/09/06

sexta-feira, setembro 08, 2006

Os dedos das mãos
Era uma vez um homem que tinha quinze dedos numa mão e vinte e três na outra. Tirando isso era uma pessoa perfeitamente normal.
Tirando isso e o facto de conseguir matar com a maior das facilidades pulgas, piolhos e carraças, graças aos trinta e nove dedos que tinha em cada mão. Tirando isso, dizia eu, era uma pessoa perfeitamente normal.
Tirando isso e ainda o facto de as mulheres gostarem muito dele por causa dos seus longos e fortes dezassete dedos. Mais coisa menos coisa. O que, convenhamos, tem o seu quê de poético.
Tirando isso, como disse, era uma pessoa igual às outras.

Rui Manuel Amaral, blog "Dias Felizes", 7/09/06

quinta-feira, setembro 07, 2006

O FIM DA INDEPEDÊNCIA
O Independente acabou, já foi há uma semana (ou melhor terá sido há uns anos atrás quando Inês Serra Lopes tomou conta do jornal) e este post vai atrasado, depois de muitos posts e artigos de jornal sobre o finado jornal. O certo é que de alguns comentários que li parecem sobresair dois ou três aspectos: a satisfação pelo fim do jornal por parte de personalidades que foram atacadas pelo jornal (Eduardo Prado Coelho, Macário Correia, etc), a crítica pessoal aos seus fundadores e directores (Miguel Esteves Cardoso e Paulo Portas) e por causa de Portas, a leitura redutora d' O Independente como um projecto político. Todas estas leituras esquecem o que mais importa no caso d' O Independente: o quanto o projecto editorial do jornal foi, sem fazer escola, uma lufada de ar fresco na Imprensa portuguesa. Dito de outro modo, e muito haveria e haverá a dizer sobre O Independente, o jornal de MEC e PP, nos seus tempos áureos, foi uma proposta a nível estético conjugado com um atitude insubordinação únicas na imprensa portuguesa dos últimos 20 anos. O jornalismo de O Independente, embora tenha deixado muitas vezes de lado a ética foi o contrário do que é o actual jornalismo: o mais subserviente possível. Algo que na altura, sem blogosfera, só podia ser feito num jornal ou numa rádio pirata. Entre o muito que passou por O Independente, desde escritores e poetas como M. S. Lourenço, João Miguel Fernandes Jorge, Joaquim Manuel Magalhães (que pôde publicar parte dos poemas de Alta Noite em Alta Fraga ) destaco o papel reservado para a fotografia.

António Sá Moura, blog "discurso dos dias", 7/09/06

quarta-feira, setembro 06, 2006

A OBJECTIVA E A PALETA

Inaugura, a 11 de Setembro, pelas 17h30, no Instituto Politécnico de Portalegre(Serviços Centrais), a exposiçao "A Objectiva e a Paleta", de Celeste Ceboleiro(Fotografia) e Maria Eduarda Alabaça(Pintura).
Instituto Politecnico de Portalegre/ Espaço de Exposiçoes
Serviços Centrais - Pça do Município - Portalegre
Seg. - Sex. - Horário: 9h00 - 17h30

Filosofia sem alma
Repito o que lhe disse: quando se perde humanidade, nao vale a pena ser filósofo; se viesse um deus à terra, embora o papel coubesse melhor a um demónio, e lhe trouxesse a verdade, mas com o encargo de lhe levar em troca o amor dos homens, nao deveria haver em si outra atitude que nao fosse a da recusa. Quando nos gelamos ao ponto de nao entendermos os outros, de nos afastarmos deles porque os julgamos, ou realmente sao, menos inteligentes ou menos cultos, ou se quer noutro plano, menos honestos, a filosofia só prejudica, só agrava a recusa, essa dolorosa separaçao entre o que vale e o que nao vale. Você, pelo que me parece, tem certos germes de afastamento: há, por vezes, no meio de todas as suas afabilidades, um certo tom superior, uma distância, uma reserva, que nao vem de você ser interiormente muito rico e se querer preservar; vem de um falso sentimento aristocrático, de uma vaidade que é tudo quanto você quiser menos filosófica e de um gosto de inteligência a que se nao une uma forte afectividade.
Temo que o hábito dos filósofos e a vantagem terrível de os perceber com clareza lhe agrave esses defeitos e nos traga daqui a uns anos um Luís impossivel, cheio de si e das suas pobres verdades, repulsor dos homens, dizendo amá-los, só às vezes tolerante(...)Entre as palavras e as ideias detesto esta: tolerância. É uma palavra das sociedades morais em face da imoralidade que utilizam.
Agostinho da Silva, Ibidem, pp. 59-60

...você pensará sempre(...) porque está convencido de que a inteligência do homem pode penetrar o universo, de que há uma coincidência entre a razao e a ordem do mundo. Creio que você, de facto, está talhado para a filosofia e para a espécie mais curiosa da filosofia, a dos sistemas; já tem um dogma, o da razao; depressa adquirirá os que lhe faltam.

Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo, p. 29

A Razao Espontânea
Comigo, a razao, a lógica, a inteligência, a matemática que você me prega. Mas nao creio nada disto: deve ser uma estrutura particular, como a da amendoeira que a leva a dar amêndoas, como a da alfarrobeira, que a leva a dar alfarrobas.

Idem, Ibidem, p.32

terça-feira, setembro 05, 2006

O Único

Do que você precisa, acima de tudo, é de se nao lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles forem meus, nao seus.
Agostinho da Silva, Sete cartas a um jovem filósofo, p.39

A Moeda ao Ar
Conhecemos tao pouco da vida, do mecanismo complexo que deve ser este do mundo que, segundo me parece, o decidir-se nao tem grande valor, senao no que respeita à estima que poderemos manter por nós próprios, à confiança que talvez seja absurda, mas que em todo caso nos permite viver. Creio que, sejam quais forem as circunstâncias, tanto faz decidir-se depois de ter pensado bem um ponto como decidir-se atirando a moeda ao ar..."
A.da Silva, ibidem, p.9

"Somos os unicos pobos que nos consideramos orixinados en salvaxes, tódolos demais creen proceder de deuses..."
Cultura e Razón Práctica, citado por Blanca Fernández-Albalat, separata do Livro "Cultura Light", p.63

sábado, setembro 02, 2006

Quando a noite caía eu era favorecido. As portas do altar abriam-se e o escuro cintilava. A tua nudez submetia-se. Ao acordar dizia-te: "Deus te abençoe."Eu sabia que a minha bençao era arrojada porque ainda dormias.
Tarkovski, O Espelho

Quando a imoralidade chegar em grandes quantidades há que viver e nao ceder.
Tarkovski, O Espelho

"La pergunta no es si hay vida despues de la muerte; la pergunta es si hay vida antes de la muerte."
Julio Llamazares (frase que se encontrou comigo, casualmente, numa livraria, em Madrid)