segunda-feira, janeiro 22, 2007

Rosto dos folhetos das exposições


Encontra-se patente, até 28 de Fevereiro, na GALERIA SARGADELOS, a exposição “Portugal e Galiza: um passado comum”, produzida, em exclusivo para a referida galeria, pelo Instituto Galego de Informação (Santiago de Compostela).

Em mostra simultânea, o visitante poderá ainda ficar a conhecer o Laboratório de Formas, que esteve na base da recuperação da SARGADELOS, nos anos 60, projecto esse idealizado por dois pintores galegos, Isaac Diaz Pardo e Luís Seoane (também poeta), conjuntamente com o arquitecto Andrés Fernandez-Albalat.

domingo, janeiro 21, 2007

NOTÍCIAS DA BAIXA: dois exemplos
"É preciso mexer o Porto. Está muito morto!". As palavras são de Marina Costa, responsável pelo edifício Artes em Partes, situado na Rua de Miguel Bombarda, no Porto. O local, que existe há oito anos, abriga uma série de espaços galerias de arte, lojas de discos ou de mobiliário, entre outros. A preocupação com a estética é nítida. Para Marina Costa, na cidade, "faz falta uma oferta diurna de coisas diferentes, que não sejam centros comerciais".
Conceito semelhante apresenta a casa Era uma vez no Porto, aberta há pouco mais de um ano, na Rua do Passeio Alegre. Cada divisão acolhe um negócio. Mas Nélson Pedrosa, um dos mentores do projecto - essencialmente nocturno -, garante que há "sinergia" entre os vários espaços. Ali, é possível repousar no bar (com vista para o rio), comprar vestuário 'retro' ou mesmo ir ao cabeleireiro.
Na caixa de comentários:
Anónimo disse...

No edifício Era Uma Vez No Porto existe também, para além do que diz neste artigo, um espaço de venda de peças de autor entre outro tipo de artigos dentro do mesmo conceito. Não percebo porque razão de não falarem no espaço. Será que se esqueceram de publicar o resto do artigo? Ainda mais grave é sugerirem que o Era Uma Vez No Porto é uma cópia do Artes Em Partes.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

SEMANA MUNDIAL DA VIDA LENTA (14-22 de Janeiro)

(…) " O Tempo voa! "; " O Tempo corre feito um corcel! "; " Dêem um pouco mais de tempo": são as queixas do Branco.

Digo que deve ser uma espécie de doença porque, supondo que o Branco queira fazer alguma coisa, que seu coração queime de desejo, por exemplo, de sair para o sol, ou passear de canoa no rio, ou namorar sua mulher, o que acontece? Ele quase sempre estraga boa parte do seu prazer pensando, obstinado : " Não tenho tempo de me divertir ". O tempo que ele tanto quer está ali, mas ele não consegue vê-lo. Fala em uma quantidade de coisas que lhe tomam o tempo, agarra-se, taciturno, queixoso, ao trabalho que não lhe dá alegria, que não o diverte, ao qual ninguém o obriga se não ele próprio. Mas, se de repente vê que tem tempo, que o tempo está ali mesmo, ou quando alguém lhe dá um tempo - os Papalaguis estão sempre dando tempo uns aos outros, é uma das ações que mais se aprecia - aí não se sente feliz, ou porque lhe falta o desejo, ou está cansado do trabalho sem alegria. E está sempre querendo fazer amanhã o que tem tempo para fazer hoje.

Certos Papalaguis dizem que nunca têm tempo : correm feito loucos de lado para o outro; como se estivessem possuídos pelo aitu; e por onde passam levam a desgraça e o pavor por terem perdido o seu tempo. É um estado horrível, esta possessão que não há médico que cure, que contagia muitos homens e os faz desgraçados.

Todo Papalagui é possuído pelo medo de perder seu tempo. Por isso todos sabem exatamente ( e não só os homens, mas as mulheres e as crianças ), quantas vezes a Lua e o Sol saíram desde que, pela primeira vez viram a grande luz. De fato, isso é tão sério que, a certos intervalos de tempo, se fazem festa com flores e comes e bebes. Muitas vezes percebi que achavam esquisito eu dizer, rindo, quando me perguntavam quantos anos tinha : " Não sei... " " Mas devias saber ". Calava-me e pensava que era melhor não saber.

PAPALAGUI (online). Editado pela Antígona.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

UMA CURIOSIDADE SOBRE LES AMANTS REGULIERS

A personagem de Jean-Christophe foi concebida como o estereótipo do homossexual efeminado e fútil: vê-mo-lo por duas vezes frente a um espelho. O realizador neste caso falhou.

Um dia, defronte do espelho, questiona-se da necessidade (social) dos cinzentos e do prazer que é usar cores. E descreve os vermelhos, rosas e verdes das suas vestimentas. E nós ficamos a adivinhar essas cores, num filme a preto e branco.

A.M.

domingo, janeiro 07, 2007

Moram aqui, costumam reunir-se
à tardinha, depois do trabalho,
nas imediações do sol.

Se for a tempo, ainda as encontra
encostadas ao muro.
Gostam de escutá-las a viela,
o velho tanque ao fundo,
as ervas daninhas,
a sombra de um gato.
Mas saiba desde já
que não dirigem a palavra
a quem passa, nem tampouco
facultam informações acerca
dos vizinhos.

Ficarão à espera que passe
para abrirem as cartas
sem nada a esconder
umas das outras.

De todas a mais jovem,
só a de cá, porém,
aprendeu a ler
e desconhece por ora a ferrugem
(apaixonou-se pelo carteiro,
mas a timidez
não a levará muito longe).


Rui Lage

Ver também, no mesmo blogue, fotografia de Jorge Garcia Pereira.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

PRISKA GAHLOT
Sempre acontecem coisas muito surpreendentes neste mundo. Coisas tão estranhas e inexplicáveis que (...). Em abono disso poderia citar Horácio, Luciano de Samósata e alguns mais. Na verdade, tudo isto vem explicado num livro que o leitor bem conhece e que me dispensará portanto de lembrar. Um livro, de resto, com grande abundância de suspiros e ais, como convém a tudo o que brota da literatura séria e (…). Só o Diabo sabe como foi aquilo acontecer. Vou descrever os factos na sua simplicidade, deixando aos leitores o encargo de formular um juízo. Pois muito bem, fosse porque a natureza lhe soprou qualquer coisa ao ouvido, ou por qualquer outro motivo que não procurarei determinar, o certo é que (…). Mas ninguém sabe de quem partiu a ideia. No dia seguinte, ela quis que ele lhe dissesse o que era preciso fazer para se ser feliz. Ele deu-lhe a mais surpreendente das respostas. Ora, sendo ela muito dada a verter lágrimas sentimentais, (…). Razão pela qual afirmo e reafirmo que (…). Teve mesmo assim a arte, o desplante, o… sei lá o quê, de negar (…). Depois, numa espécie de acesso de cólera, (…). E ouviram-se sinos a acompanhar a cena. Bem, como é fácil perceber, perante uma história destas, tudo o resto é secundário.

Rui Manuel Amaral