sábado, junho 23, 2007





"Proibido Pensar",
Cartoons de Xaquín Marín

Hoje, durante a manhã, veio visitar-nos Xaquín Marín (Ferrol, 1943), um dos pais da BD galega, a par de Reimundo Patiño (La Coruña, 1936-1985). Esteve no Porto, para a inauguração, ontem, de Porto Cartoon, por coincidência à mesma hora de abertura de "A Banda Desenhada Galega". Bom S. João, Xaquín!


DEPOIMENTO DE XAQUÍN MARÍN PARA O CATÁLOGO DA EXPOSIÇÃO
Foi Reimundo Patiño quem acompanhou a minha entrada em Madrid; numa altura em que o desenho popular galego agonizava, ele falou-me das potencialidades da banda desenhada para comunicar com as pessoas. A pintura era mais direccionada para elites e a gravura tinha tiragens muito limitadas.
Quando regressei a casa, estava tão convencido que pus mãos à obra. O que fui desenhando, enviei-o, ipso facto, a Chan, a única revista que, à época, se editava no nosso país, ou seja, editava-se em Madrid, mas não deixava de ser galega.
Apareceu entao, em 1971, O Emigrante, uma bd que pretendia usar um novo meio com ética e estética galega e com muita ingenuidade, que espero que não se tenha perdido com o decorrer dos anos. Outros anos passaram e Chan chegou ao fim.
Naquele tempo, também na capital de Espanha, entrámos em contacto com o grupo de Edicións do Castro: Chichi Campos, Xosé Diaz, Rosendo Esperante (se é que não me esqueço de nenhum) e também com Pepe Barro, que queria fazer bd desde Pontedeume[La Coruña], e formámos outro grupo, Fusquenlla, que surge na história com o mérito de não ter feito nada. Reimundo, eu e mais alguns participámos em várias exposições colectivas e em mesas mais ou menos redondas, através das quais se pretendia potenciar as exposições e nos consciencializarmos das dificuldades de penetração que iriamos ter, mas que nós, na altura destemidos, não tivemos em linha de conta.
A edição, por Roi Xordo, da revista A Cova das Choias, do grupo de Edicións do Castro, em Genebra, vendida, clandestinamente na Galiza; o livro 2 Viaxes, de Reimundo e meu, editado em Madrid, por Brais Pinto, que cheguei a ver numa livraria madrilena classificada como bd estrangeira e ao triplo do preço; a exposição de banda desenhada serigrafada O Home que falaba Vegliota, de Reimundo, na Galeria Redor, igualmente na capital do Estado...são três marcos, nos primeiros passos da bd galega.
Reimundo e Chichi estão mortos, e daqueles que deram início ao percurso, acho que só eu nunca me afastei do género. Felizmente, multiplicaram-se os autores e os caminhos, ainda que não livres de problemas, mas dos quais não me cabe a mim falar.