O REGRESSO
De uma terra de palmeiras
chegavam aerogramas amarelos
e depois ele entrava
o fantasma fardado
que se disfarçava do meu pai.
Toda a noite as janelas ficavam
acesas como olhos sem pálpebras.
Os passos rondavam pelo corredor
de um lado para o outro os mesmos
ignotos círculos do inferno.
Na parede de folhagem
espiavam máscaras de sentinela.
O candeeiro, cujo pé era feito
de uma bazuca, cercava o cinzeiro
de pontas mutiladas de cigarros.
Eu ignorava a loucura
o pavor as cabeças cortadas.
Ele revolvia as gavetas e trancava-as
dispondo a mobília de outra maneira
como se fosse uma barricada.
Rogério Rôla, aguasfurtadas 10, p.28
Outro poema, do mesmo autor, disponível aqui, p.28
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home