sábado, abril 07, 2007

LAND ART: NAO PERCAM O QUE JAMAIS SE PERDE, MAS SE TRANSFORMA

A ideia, de autoria do artista plástico Meireles de Pinho, nasceu há quatro anos "quando não havia intervenções de Land Art de grande envergadura em Portugal" nem, aparentemente, local para concretizá-las. O projecto, pioneiro no país e caucionado pelo Parque Biológico de Gaia, encontrou, finalmente, palco no Parque da Lavandeira (Gaia), que acolherá dez intervenções de doze artistas - dez portugueses e dois catalães.

O trabalho, que começou esta semana, devendo ficar concluído até ao fim do mês, acabará por degradar-se. Poderá perdurar nos jardins um ano; talvez menos. É esse o princípio de expressão da Land Art nunca saber quando poderá extinguir-se uma obra, que é de arte, mas que não usa outro recurso que não seja o da própria natureza, cumprindo um ciclo semelhante ao do ecossistema.

"A terra o deu; a terra o comeu", sintetiza Maria Domingues Araújo, directora do recinto, satisfeita com a possibilidade de poder, também, "desmistificar os artistas plásticos, supostamente intocáveis, desviando-os das galerias para o espaço público".

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A equipa ceramista, constituída pelos portugueses Joaquim Pombal e Marisa Alves com os catalães Josep Mates e Carlets, imaginou um objecto que acabaria por dar lugar a outro. O que deveria ser um farol transformou-se, depois dos artistas terem "sentido o espaço", numa escultura de quase quatro metros de altura com utilidade biológica servirá de ninho para cavernícolas. A peça será cozida hoje durante o dia inteiro. A partir da meia-noite, os autores convidam a assistir ao "espectáculo incandescente" da operação.

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Quando a exposição cessar, restará o catálogo, a ser editado em Abril, a par de uma conferência com críticos, curadores e professores de Belas Artes.